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18/8/2014 - Sorocaba - SP

Professores apresentam 1,3 mil atestados médicos em quatro meses




Cruzeiro do Sul

 

Os professores da rede municipal de ensino de Sorocaba apresentaram 1.362 atestados médicos para se ausentarem de seus trabalhos em um período de quatro meses. Isso dá uma média de 340,5 atestados entregues por mês, 11 por dia e um a cada duas horas no período entre março e junho deste ano. No mesmo período do ano passado, foram apresentados 1.331 atestados pelos profissionais da rede. A administração municipal não apresentou os motivos para esses afastamentos, porém a Associação dos Professores da Rede Municipal de Ensino de Sorocaba (Aspams) relata que isso reflete como anda a saúde dos professores. "Esse número é uma luz que se acende para mostrar todos os nossos problemas", afirma a vice-presidente da entidade, Sandra Catarina Ferrari Terra.

Segundo a Prefeitura, o número de professores atuando na rede municipal nos quatro meses considerados no levantamento era de 3.178. Portanto, se compará-lo com o número de atestados apresentados, 1.362, é possível dizer que quase a metade dos profissionais tiveram de se ausentar do trabalho por motivos de saúde. O mesmo aconteceu entre março e junho do ano passado, quando 3.434 professores atuavam nas escolas municipais e 1.331 atestados foram apresentados.

Há três semanas, o Poder Público municipal foi questionado sobre os motivos mais comuns alegados pelos professores e qual o tempo médio do afastamento desses profissionais, porém não enviou essas informações à reportagem. Além disso, o jornal Cruzeiro do Sul solicitou um posicionamento da administração municipal sobre o que tem sido feito para suprir as demandas geradas por essas ausências e se existe um limite estabelecido para os servidores para faltas justificadas por atestados médicos, mas também não houve respostas.

Saúde debilitada

A vice-presidente da Aspams, Sandra Catarina Ferrari Terra, que é professora atuante na rede municipal, alega que esses números demonstram a situação da saúde do professor, que encontra-se debilitada. "O professor trabalha quase 8h por dia num ambiente totalmente barulhento e com salas lotadas. Por isso, ele tem esgotamento físico e mental, principalmente o mental, que abala sua saúde. Infelizmente, a Prefeitura, de uma cidade que se diz educadora, não está valorizando o professor", ressalta.

Segundo ela, o que mais agrava essa situação seria o baixo salário oferecido na rede municipal, o que faz com que muitos professores façam dupla jornada para incrementar seus ganhos mensais. Ela julga que a Secretaria de Educação deveria ser mais atuante na questão das discussões dobre o Plano de Carreira dos professores, o que os ajudaria a sair dessa situação que, segundo ela, acaba afetando a saúde dos profissionais. Sandra adianta que nesta terça-feira será eleito um representante para tomar a frente das negociações sobre o assunto.

Além disso, a vice-presidente da Aspams critica o fato de a rede municipal de ensino não permitir que o professor se ausente apenas no horário de sua consulta. Ela explica que quando um profissional precisa ir ao médico, o atestado gerado precisa valer para o dia todo trabalhado, o que ela acredita que pode justificar, em partes, o alto número de atestados apresentados. "O professor do Estado pode se ausentar por duas horas de suas aulas, por exemplo, e ir no médico. Os de Sorocaba não podem fazer isso. Se tenho consulta às 16h, tenho que faltar o dia todo", diz.

Sandra ainda lembra de uma investigação feita pela própria Prefeitura, no caso de médicos que estariam apresentando atestados falsos para não comparecerem aos seus locais de trabalho. Ela diz acreditar "piamente" que isso não ocorre entre os professores. "O professor que dá atestados é porque realmente necessita. Essa quantidade de atestados é um superproblema, mas tem muita coisa por trás disso, principalmente um superdescaso", ressalta.

Pais dizem que faltas prejudicam filhos

Por conta de faltas constantes de professores, a técnica de enfermagem Rita de Cássia Xavier, 48 anos, diz que sua filha, que estuda no 9º ano na rede municipal, sempre acaba tendo aulas vagas. "Ontem (terça-feira, dia 5) mesmo ela teve duas faltando, porque não tinha professor", afirma. Segundo ela, isso sempre acontece na escola que sua filha estuda, a Getúlio Vargas, portanto ela se preocupa com o andamento do aprendizado da jovem. "Eles ficam sem ter o que fazer, porque não tem substituto. Isso prejudica a educação dos alunos", diz.

A cabeleireira Irani Aparecida Thibis Bertolla, 25, comenta que muitas pessoas chegam a reclamar de faltas de professores na escola onde seu filho de 7 anos estuda, em Aparecidinha. "Mas nunca sabem direito o que acontece", relata. Ela afirma que a professora de seu filho faltou, pelo menos, cinco vezes neste ano, mas Irani não critica, já que na educação infantil sempre há uma auxiliar para substitui-la.

Já a diarista Tamara Aparecida do Nascimento da Silva, 31, e a empregada doméstica Fátima Antonia de Almeida, 36, dizem não ter reclamações quanto a falta de professores. "A professora do meu filho nunca falta", ressalta Tamara. Fátima diz que sua filha, que está na educação infantil, nunca fala sobre a ausência de sua professora, o que ela acha bom.



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